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Cuidar da saúde física é primordial, mas se você não tomar conta da sua mente, seu corpo poderá sofrer com várias doenças, chamadas de psicossomáticas.
Elas são causadas ou pioram com distúrbios emocionais ou sentimentos como raiva, ansiedade, angústia, medo ou desejo de vingança. Para chamar a atenção sobre o tema e alertar as pessoas e órgãos de saúde, este mês é chamado de Janeiro Branco.
Tratar a saúde mental ainda é visto por muitos como algo secundário ou até como frescura, mas psicólogos salientam que morre muito mais gente se suicidando do que de câncer. Segundo a Organização Mundial da Saúde, cerca de 800 mil pessoas cometem suicídio anualmente no mundo, o que equivale a uma morte a cada 40 segundos.
Os dados mais recentes divulgados pelo Ministério da Saúde mostram que o índice de suicídios cresceu entre 2011 e 2015 no Brasil. Segundo o órgão, esta é a quarta maior causa de mortes entre jovens de 15 e 29 anos.
Em 2011, foram 10,4 mil mortes: 5,3 a cada 100 mil habitantes. Já em 2015 o número chegou a 11,7 mil: 5,7 a cada 100 mil. Estima-se que, até 2020, haverá um incremento de até 50% no número anual de mortes por suicídios.
Os números mostram que os moradores da região do Sul do Brasil morreram mais por conta de suicídio, enquanto os índices do Nordeste são os mais baixos. Isso pode ser explicado, em parte, pelo tipo de depressão chamada sazonal, que ocorre em épocas de outono e inverno. No Sul, o tempo fica, em grande parte do ano, mais frio.
Os homens são os que apresentam as maiores taxas de mortalidade, 79% do total. Enquanto o número de mulheres é 3,6 vezes menos, 21%. As pessoas viúvas, solteiras e divorciadas também foram os que mais morreram por suicídio (60,4%). Mas, em relação às tentativas de suicídio, as mulheres são maioria (69%) e 31,1% tenta mais de uma vez.
O estudo também mostrou que a existência de um Centro de Atenção Psicossocial (Caps) nas cidades reduz em 14% o risco de suicídio. Porém, essas instituições estão presentes em apenas 2,4 mil dos quase 6 mil municípios brasileiros.
Por isso, a intenção do governo é criar um Plano Nacional de Prevenção ao Suicídio, além de disponibilizar ligações gratuitas para o número 188, que é o Centro de Valorização da Vida, nos estados de Mato Grosso do Sul, Santa Catarina, Piauí, Roraima, Acre, Amapá, Roraima e Rio de Janeiro.
O plano da Organização Mundial da Saúde (OMS), também visa diminuir o número de suicídios em 10% até o ano de 2020. Sendo que atualmente, 800 mil pessoas cometem suicídio por ano.
Os números podem ser maiores do que os divulgados porque existe uma subnotificação que ocorre devido ao preconceito com relação a quem tem algum transtorno mental. “Estamos vivendo o mal do século, que é a depressão, que é um dos motivadores do suicídio.
Também temos um alto índice de doenças mentais. Mesmo assim, ainda escuto que psicoterapia é para pessoas com cabeça desocupada ou frescas”, salienta Claudia.
O movimento Janeiro Branco começou em Uberlândia, em 2014, e teve reflexos. Segundo a psicóloga Claudia, a escolha do mês é proposital. Em dezembro, ela conta que o movimento em sua clínica aumenta.
“Quando chega o fim do ano, a pessoa faz um balanço do que fez, do que planejou e não conseguiu realizar. Isso desencadeia vários sentimentos, como ansiedade, tristeza, frustrações, medo, traumas. Em janeiro, todos se reorganizam e viram a página”.
Ela frisa que o corpo humano precisa ser visto como um todo, “o homem é biopsicosocial”, completa. Há o lado mental, espiritual e social. Se uma dessas partes está afetada, interfere no físico e aí surgem doenças.
“O equilíbrio de tudo começa quando a pessoa se conhece e se for preciso busca ajuda profissional, não adianta economizar com psicólogo e gastar com remédios, consultas e exames”, alerta.